Olho-o bem do alto. Agora sou eu o último a rir.
Chegou a noite.
Isso, pede por ajuda a todas as entidades divinas imaginadas e criada pelo homem ignorante que não sabe que o verdadeiro poder está na terra, bem aqui perto, nas nossas mãos.
Ahah! Escondes-te?! Isso, esconde a cara enterrando-a nas mãos! as agora sou eu que estou no alto, não é? Lá no alto. Tudo isto, culpa tua ingénuo passageiro no vagão da suposta primeira classe. Estás com medo do escuro? Pois ainda bem, porque é no escuro que eu caço. éno escuro que te persigo, na tua sombra. Fechas os olhos para não me veres, e tudo o que vês é escuridão, e tudo o que sou é escuridão. Fechas os olhos e tudo o que vês é a mim.
Vês agora? nascido do ventre onde não pertencia, desapontando todos, destruindo-lhes as expectativas que tinham, destruindo-lhes os corações, destroçando-os em pedaços e faço o mesmo contigo agora, mas agora é a noite, a noite da caçada, a noite em que finalmente conheço a minha doce e fria vingança. É hoje que tudo acaba. Para ti. é a noite em que recomeça a minha vida. Não ficarás a rir cinicamente como sempre o fizeste quando me lembravas de tudo aquilo, quando me aprisionavas no meu passado , do meu nascimento no ventre venenoso corrupto por uma qualquer criatura que não existia, que não era deste mundo.
Rezas de novo ao teu Deus. O teu Deus não te pode ajudar. Porque ele não existe. Eu ergo-me acima de tudo isso e vejo-te a ti e a todos os teus fracos companheiros como formigas lá em baixo. Movo-me entre ladrões assassinos e mentirosos, não sou um deles, mas sou todos eles, todos eles num corpo, o Demónio no teu interior. fecha os olhos e voltas a ver-me como um flashback, uma memória corrompida, sangrenta, uma memória confusa que te faz trocar palarvras, números, cronologias, ideias.
mas ergues-te acima de mim. Mas a noite é minha. A noite é minha, do caçador, não tenhas medo do escuro. é no escuro que eu cresço e volto a erguer-me acima de tudo, é à noite que te lembra. É à noite que te lembras da vingança. é à noite que te lembras de mim, o teu pior pesadelo. É à noite que te lembras do Demónio que sempre esteve dentro de ti desde o dia em que caminhaste ao sol deste mundo, coisa que nunca mereceste. é durante a noite que juro pelos deuses que quebrarei o teu coração, te despedaçarei em pedaços e de rasgarei as entranhas de dentro para fora.
A noite é da escuridão.
A escuridão é a memória.
A memória do demónio que te assombra.
O demónio que te assombra, como sempre fez, eu que sempre te persegui.
Eu que sempre te persegui porque...
Porque tu e eu somos o mesmo.
Porque à noite te lembras que és tu próprio quem te auto-destróis. És tu próprio que és os mentirosos, os ladrões, a escumalha. És tua escuridão dos outros e a destruição do alheio. És tu a confusão dos lúcidos e a certeza dos loucos. És tu o fruto do ventre venenoso, és tu que talhas e destróis tudo à tua volta. fechas os olhos e ves-me na escuridão. Vês a ti mesmo na escuridão como se o negro se tratasse de um espelho límpido, porque...
Eu e Tu.
Alegria e Destruição.
Somos o mesmo.
O Caçador é caçado... por si mesmo.
[Inspirado a ouvir a Night of The Hunter dos 30 Seconds To Mars e no meu estado de espírito deplorável de final da noite...]