Vago vento silencioso. Sussurra-me fazendo a minha pele
arrepiar, e a minha espinha obriga-me involuntariamente a estremecer, sem que
eu queira ou possa controlar, tal como não quero e não posso controlar o pensamento
que provoca essa briza de inverno. Embora poético, na escrita melancólico estou
como no coração. Lembro os tempos que foram e já não são… Os tempos de risos e
conversas longas até horas alargadas da noite, como se não houvesse amanhã e
não necessitássemos sequer de dormir… Mas agora as minhas palavras soam ocas e
escapam dos ouvidos de a quem eram dirigidas. Palavras. Pistas. Pequenas coisas
que leio, que observo, que são pra mim sons claros e altos como o soar da
campainha do meu despertador (daqueles estilo antiquado que faz “trrrrrrrrrrrrrrrrrrrrriiiim”
até o desligarmos). Todas essas coisas que quando os outros emanam sem querer
eu descubro e colho, interpreto e percebo. Todas essas coisas que, quando sou
eu que emano, escapam a quem eram dirigidas. E depois fico olhando expectante até
ao momento que finalmente as pistas são montadas pelos outros como a um puzzle,
ou até ao momento em que percebo que as peças que dei eram já pequenas demais e
em quantidade insuficiente para que o puzzle fosse completo. E porque não fazer
de caixa aberta e dar logo por palavras o que sinto? Porque mesmo dentro de uma
caixa aberta, um puzzle não vem já montado e cabe à pessoa que o estima como
propriedade sua a tarefa de unir as peças para completar a imagem e a mensagem.
Algumas imagens não são para todos os olhos, pois podem ofender e revoltar alguns.
No entanto, tenho uma forma de dizer o que sinto. Junto outro tipo de peças
noutro tipo de puzzle. Peças essas são as letras, puzzles esses são as frases construídas
a horas que são já da madrugada e não da noite. É a minha forma de montar o
puzzle em frente aos olhos de outros. Mas não dura muito… Pois bastam minutos,
segundo até, talvez, para que o vago vento silencioso desmonte este fino puzzle
de letras e o leve consigo de novo desmontando-o, para que alguém do outro lado
do mundo as poça apanhar e montar na ordem que bem quer e lhe apetece,
transformando as palavras numa distorção do que eram, e na beleza do que serão
depois.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
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