De manhã estava bem. Mas a partir da aula de Educação física, foi sempre a descer. Fiquei a jogar voleibol contra o sol. Os olhos encadeados... Nada demais. Só um pormenor... Herdei um problema de enxaquecas da minha mãe... Há imenso tempo que não tinha uma cise de dores de cabeça. Arrisco até mesmo a dizer que há anos que não tinha uma assim. Cheguei à aula de inglês com uma dor de cabeça terrível, com a visão desfocada e encadeada e uma má disposição daquelas que só em dava vontade de vomitar. nesta aula, sento-me na carteira em frente à da stôra, e o Gui, como em todas as aulas, senta-se ao meu lado. Ele olhou para mim e percebeu que algo não estava bem.
- Que é que tens? - Perguntou.
- Oh, só uma dor de cabeça... E estou mal disposto, mas isto já passa...
Vinte minutos depois era a professora que me perguntava se eu queria ir lá fora.
- Oh, deixe estar, stôra, isto já me passa...
- Mas o que é que tem?
- Isto já é genético... Enxaquecas que a minha mãe me passou...
- Ora, não tinha nada bom para herdar?
Ri-me com o comentário da stôra, mas pouco depois tive mesmo de ir lá fora. Fui à casa-de-banho, passei a cara por água fria, bebi uns goles de água e já me estava a sentir melhor... Mas assim que me sentei, voltei a piorar. O Gui percebeu que eu não estava mesmo bem. Uma altura, pousei a cabeça sobre os braços. Voltei a tentar endireitar-me, para não dar nas vistas. Massajei um pouco as têmporas, mas nada resultou. O Gui acabou por pôr os braços dele em volta dos meus ombros.
- Tu não estás mesmo nada bem, filho...?
Esta situação arrancou-me um sorriso dos lábios, porque o Gui não é do tipo de pessoa de demonstrar afetos, muito menos em relação a outro rapaz.
- Pois não... Mas isto já passa, não te preocupes...
Mas não passou, e a stôra acabou mesmo por me obrigar a ir para casa. Fiz o caminho todo passo a passo, com medo de vomitar no meio da rua ou de perder os sentidos. Felizmente cheguei a casa, tomei os comprimidos, agarrei no gelo e pu-lo na testa e fui-me deitar. Comprimidos, gelo? Qual quê? Nem assim! Talvez se eu conseguisse adormecer, descansar, a dor me passasse... Mas não! A dor era de tal maneira intensa que me mantinha desperto, nem me deixava dormir! Via na minha cabeça os números que representavam a escala de dor que eu sentia a aumentarem. "Over nine thousand!" era a frase que mais me passava na cabeça. Chorei com a dor, com a raiva de não me deixar dormir. E de modo a brindar-me, o meu corpo resolveu encher-se de cãibras, que me obrigaram a saltar da cama em agonia para massajar os músculos doridos. Depois disso consegui finalmente, depois de três horas de tentativas frustradas, adormecer. Às seis, os meus pais acordaram-me quando chegaram a casa. Fui comer, beber água e às sete estava de novo na cama. Acordei às nove. Adormeci por volta das dez para as onze e só voltei a acordar à nove da manhã. Já estou melhor, mas ainda com medo de voltar àquilo... Tenho bebido muita água, comido com moderação... Enfim, veremos... Hoje vi as sms todas que os meus colegas me deixaram, a perguntar por mim. O Gui havia pedido para eu lhe mandar uma sms quando chegasse a casa para ele saber que eu tinha chegado bem. Foi a única pessoa a quem consegui enviar sms nessa altura. Mas antes de me ir deitar, às sete, ainda mandei uma sms ao K., a avisar que provavelmente não conseguiria ir ao computador para falar com ele.
Hoje, felizmente, só me resta a recordação daquela dor.
Cheers!! =D
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