Quando finalmente conseguimos dar a volta ao cercado que tinham posto para uma corrida que estavam a fazer, procurámos por acentos (ou bancos) que não estivessem molhados. O K. corrige-me quando faço comentário de que os bancos estão molhados. "Vamos o usar o termo mais adequado", diz, "os bancos estão encharcados.". Mas lá encontrámos um banquinho de madeira que estava seco. Ou relativamente seco. Dou-lhe aquele papel, escrito à mão, que ele tanto pediu. Era o post Ele é aquele que... com uma dedicatória simples. Mas ele gostou, isso é que importa. ele dá-me a dele, dizendo-me para eu ler quando nos formos embora. Tento resistir a olhar, enquanto dobro o papel e guardo na carteira. Depois disso conversamos sobre os nossos melhores amigos. Começa a chover, e acabamos por ter de nos retirar para dentro do centro comercial. Após termos encontrado um banco vazio, sentamo-nos, frente a frente. Ele acaba por não resistir e lê, de novo, o papel que lhe dei. Observo-o atentamente, soltando de vez em quando um sorriso, fazendo-me a mim sorrir. Aperto a boina nas minhas mãos, nervoso, temendo a sua reação. A minha letra, comparada com a dele, são rabiscos. Ele olha-me, os nossos olhares cruzam-se ele comenta que está a tentar conter-se para não chorar. Eu respondo que não é minha intenção fazê-lo chorar. Finalmente, ele dá-me autorização para eu ler a carta dele. Sinto-me dividido entre o meu desejo de ler o texto, e o meu desejo de seguir o pedido inicial dele de esperar. Mas o primeiro acaba por vencer. Leio atentamente a carta. Não consigo evitar sorrir. Ele pede-me para não chorar, eu apenas consigo responder que estou sem palavras e que ele tem muito jeito para escrever. Chego ao fim, ainda sem conseguir descrever o que sinto. Não dá para descrever o amor. Volto a dizer que estou sem palavras. Apetece-me encostar-me a ele, pousar a minha mão na sua perna, que estava tão próxima de mim. Mas o medo domina-me, e resumo-me a aproximar-me um pouco dele, e comentar que ele tem imenso jeito para escrever, e que essa tinha sido uma das razões que me tinham levado a começar a falar com ele. Aí sentados, conversamos sobre tudo: família, amigos, estudos... Finalmente, parece-me que já não chove. Mas apanho uma desilusão, quando chegamos à entrada, quando constato que afinal as nuvens ainda não acabaram de aliviar a sua carga. Damos uma volta pelo centro, procurando acentos, sem sucesso. Acabamos por entrar na Fnac e falamos um pouco sobre gostos musicais, cinematográficos e de livros. Acabo por comprar um para as minhas aulas de inglês (O Dracula, escrito em inglês) e compro um em francês para oferecer à minha mãe pelo dia da mãe. Depois disso, finalmente a chuva acalma e encontramos uns bancos livres e secos. Ele oferece-me bolachas para o lanche e um iogurte. As bolachas aceito, ou não fosse eu conhecido como monstro das bolachas, mas tento recusar o iogurte. Depois de ele insistir, acabo por aceitar agradecendo. Eu já tinha passado um bocado mal ao almoço, ao deixar cair bocados de salada do hambúrguer, mas aquilo foi o cúmulo. Eu estava calmamente a beber o iogurte, quando, de repente, verto aquilo para cima de mim. Só consigo rir, de vergonha, inclinando-me para a frente com o iogurte a escorrer-me pelo queixo. Ele comenta o quão desastrado sou, e oferece-me um lenço, como antes tinha comentado que andava sempre com pacotes de lenço na mochila. Depois de me limpar, conversamos um pouco mais, antes de a chuva nos obrigar a voltar lá para dentro. O K. sugere que eu guarde o saco dos livros dentro da sua mala, para não se molharem, e eu agradeço-lhe. Depois, damos umas voltas ao Vasco da Gama sem encontrarmos lugar onde nos sentarmos. Finalmente, optamos por nos dirigir à estação, uma vez que faltam pouco mais de duas horas para a partida. Foi a primeira vez que olhei para o relógio, e desejei que ele parasse de contar o tempo.
domingo, 1 de maio de 2011
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