quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Uma fácil pergunta difícil

Alguém, um dia, fez-me essa pergunta inevitável. Talvez eu pensasse que era uma pergunta fácil de responder. E, de facto, é fácil de responder, mas difícil de fazer com que os outros consigam compreender a resposta. Eu estava com um amigo meu, que estava a ler um pequeno texto escrito por mim. Para ser sincero, já não me lembro que texto era. Ele começou a elogiá-lo. E perguntou-me como é que eu escrevia tão bem. Eu respondi: porque escrevo e leio imenso. Mas, então, ele fez a pergunta para a qual eu pensei estar pronto a responder: "Mas porque é que escreves?"

Fiquei a olhar para ele com cara de parvo. "Obviamente porque gosto...". Mas ele não se ficou por aí. "Sim, mas porque é que gostas, qual o fim disso tudo? Porque te dás tanto ao trabalho de escrever algo?".  É sempre difícil de respondermos à pergunta "porque gostas disso?". Comecei a pensar no assunto.

Porque é que escrevo? Porque eu tenho um pequeno defeito: escondo dos outros aquilo que me preocupa, para não os incomodar com os meus problemas. Para os meus amigos eu sou alguém vivo, contente, alegre. Claro, não sou uma total farsa, porque costumo sentir-me bem ao pé dos meus amigos. Mas com a escrita consigo exprimir sentimentos que já escondo instintivamente. As palavras juntando-se graciosamente umas com as outras para formarem frases que transmitem fielmente o que eu sinto, sem nunca traírem o que me vai na alma, sempre tão certas, tão verdadeiras, com tanto significado é algo inigualável. Dizem as pessoas que um gesto vale mais de mil palavras, mas com mil palavras podemos descrever mais de um milhão de gestos. E é por isso que gosto de escrever. Este é o meu mundo, o mundo onde governo as letras, que são súbditos fiéis dos meus sentimentos. E por isso é que digo que a forma de escrever transparece a forma de ser do autor, porque a escrita de cada um, é como a mente de cada um, um mundo do qual somos senhores supremos e omnipotentes.

1 comentário(s):

Anónimo disse...

Talvez as palavras acabem por ser o prolongamento da mente. É claro que depende das palavras e daquilo que o seu autor estiver disposto a transmitir.

Se houver alguém que as leia e que seja capaz de as entender, talvez as palavras possam tornar-se o eco do pensamento. Talvez seja possível escutar o próprio silêncio.

Talvez seja por isso que a escrita é o teu mundo. Porque, através delas, tens a oportunidade de te descobrires.

Os outros?!... Uma vez por outra pode dar-se o caso de aparecer alguém capaz de escutar as tuas palavras. Mesmo que apenas as leia!

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