quinta-feira, 24 de março de 2011

Oh Dear God...

Um toque. Nada de mais. Parecia-me ao início. Um sopro. Nada de mais, parecia-me ao início. Outro toque sem motivo, apenas pela diversão de me chamar a atenção. Eu sorrio-lhe, perguntando o que quer. Ele responde que não quer nada, ri-se. Volto a tomar atenção à aula. Um sopro agita-me os cabelos. É ele de novo. Reviro os olhos com aborrecimento falso e pergunto-lhe o quer agora. Ele volta a responder que não quer nada. Ele passa por trás de mim. Sinto a sua mão tocar-me levemente no ombro para eu me chegar à frente. Arrasto a cadeira, imaginando-o a caminhar. Entretanto, com a sua demora, volto a ir um pouco para trás. Ele retorna, e pede-me licença para voltar a passar para o seu lugar. Desta vez levanto-me, dando-lhe passagem. Sinto o seu corpo junto ao meu. Nada de mais...? E ele faz o que tantas vezes fez, pede-me ajuda. Eu explico, aproximando a minha cara um pouco mais da dele para conseguir ver o caderno a partir da sua perspectiva. Hesito um pouco, mas consigo explicar-lhe o exercício, com um sentimento gratificante de o ter ajudado. Nada de mais...? Na aula seguinte, um pequeno toque. Uma conversa às escondidas da professora. As nossas caras próximas, para não termos de falar demasiado alto. O meu coração perde o seu domínio. Pouco tempo depois, ele chama-me a atenção. Paro de fazer o exercício. Ele aproxima a cara da minha, inclinando-a um pouco para a esquerda, olhando-me nos olhos. Perco a minha pulsação. A vontade de o beijar impele-me um pouco para a frente. Mas resisto. Não posso fazer isso no meio da aula! Ele continua a fitar-me. Eu, já em pânico, pergunto-lhe o que se passa, sorrindo nervosamente. Ele continua a olhar. Apercebo-me que ele quer que eu olhe para algum lado. Um pouco para a esquerda? Eu viro-me nessa direcção. Ele queria chamar-me a atenção para a posição comprometedora em que a professora estava, mesmo ao meu lado. Rio-me da piada privada entre nós. E ele comenta: "Ahahah, já nem preciso de te dizer nada, parece telepatia". Eu fico com um sorriso amarelo. Se ele soubesse que eu desviara a cara não apenas por saber o que ele me queria dizer com os seus olhos castanhos, mas também para resistir à tentação, não diria aquilo. Penso no que me disseram. Que eu ainda ia acabar a sentir algo por ele. Penso no que respondi, que isso era impossível. Penso que aquilo era apenas da minha imaginação, porque até agora não tinha pensado nisso. Ele pega-me no pulso, para ver as horas pelo meu relógio. Ele começa a mexer, tentando ajeitar melhor o aparelho para conseguir ver as horas. Ele demora um pouco a contar os minutos... Tem um bocadinho de dificuldade em ler as horas em relógios analógicos porque está habituado aos digitais. Sorrio carinhosamente ao relembrar a sua pequena batalha contra os ponteiros sempre que tenta ver as horas a partir do meu pulso. O meu coração acelera. Finjo que estou a continuar a fazer o exercício, mas a minha mente enevoada gravita em direcção à imagem dele. A minha pulsação aumenta. Começo a sentir receio, a pensar «Oh deuses, ele tem o meu pulso na mão dele, vai sentir a pulsação mais rápida, vai perceber que algo não está bem...». Imagino-me a agitar a cabeça, para sacudir aqueles pensamentos. Não posso sentir isso... Deve ser só imaginação... Mas quando o outro me segurou o braço, eu não senti nada. Quando ele me segura o pulso, consigo sentir os seus dedos cuidadosos tocar cada ponto da minha pele. Não... Não posso. Tenho de esquecer o que se passou... Afinal, não foi nada de mais...?

7 comentário(s):

Elijah disse...

Só eu é que não tenho colegas assim para ter aulas dessas...

Unknown disse...

Ui, nem me digas nada, que isto só me põe a cabeça às voltas...

Elijah disse...

lol é normal... é isso que o amor faz, e muito mais. Só o tempo te vai dizer o que se passa realmente entre ti e o teu colega.

Unknown disse...

Espero que descubra em breve, a última coisa que eu precisava agora na minha vida era de dúvidas

Unknown disse...

Parece um post escrito por mim, pois hoje aconteceu quase o mesmo entre mim e o Tuga, é fascinante não é?
Embora seja lixado ficarmos na dúvida e sentirmo-nos tão embarassados com a situação.

K. disse...

Ao ler este post, só um sentimento emergiu. Nostalgia.
As coisas são tão bonitas nos inícios :)) sinto a falta de me sentir assim.

Unknown disse...

Eric: Realmente, também fico no impasse entre achar fascinante que isto nos aconteça aos dois ou achar que a vida adora mesmo pregar partidas...

Kevin: Não digo que não seja bonito... Lol, mas também é um pouco confuso para mim

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